Existe estilo ideal de Liderança?

Elton Oliveira

Liderança é um assunto carregado de mitos. Recentemente uma matéria que circulou pelas redes sociais questionou se existiria papel para liderança em uma cultura colaborativa. Diferentemente do que foi explanado pela matéria, estudos demonstram que ambientes colaborativos não só favorecem o surgimento de lideranças, como fortalecem seu papel.

O referido artigo talvez pretendesse questionar o papel da gerência. Este sim, com a evolução da gestão vem diminuindo tendo um impacto com a diminuição dos níveis hierárquicos nas organizações. Liderança não é sinônimo de cargo, é algo natural e inerente a condição humana. É situacional e exercida em um “campo psicológico” que não pode ser controlado e, por isso, transita naturalmente dentro de um grupo. O bom gestor, se também for um líder, saberá potencializar a sua utilização tendo em vista que lideres deveriam incentivar o surgimento de outros lideres e não “criar seguidores”.

Lideres precisam ser extrovertidos, carismáticos, visionários e trabalhar sob pressão. Mas como ficam as pessoas que são introvertidas, que não são carismáticas nem visionárias e não tem perfil para um trabalho sob pressão? Elas não podem ser líderes?  “Liderança silenciosa é trunfo para o Internacional”, dizia matéria do Jornal ZH de 19/11/2015. E continuava: “ele (Juan) ajudou muito naquele episódio da zona de conforto. Estava chegando, tímido, quase sempre calado, mas puxava os companheiros, especialmente a gurizada, para conversar em particular. A mobilização do time na rodada seguinte passou pela tranquilidade de Juan. A frieza dele passa segurança para os jogadores, mas a postura, a conduta e o exemplo ‘falam’ mais alto.” Não há dúvida de que o carisma ajuda no papel de liderar, porém, pode também ocultar valores e intenções questionáveis. Em liderança, o conteúdo é mais importante que a forma.

A atuação de um líder envolve diversas dimensões e papéis. O primeiro deles é o domínio de si. Se não liderar a si não terá condições de liderar outras pessoas. O segundo papel é o de gestor. Qualquer que seja a dimensão – uma nação, um grupo ou organização -, o líder será avaliado pelo resultado que gerar. O terceiro papel ou dimensão é o de gestor e desenvolvedor de pessoas. As pessoas tendem a seguir alguém em quem confiam e que fizeram alguma diferença nas suas vidas. Isso não tem nada a ver com paternalismo, muito pelo contrário: uma demissão pode ajudar muito um colaborador. O peso de cada dimensão em um perfil de líder e a forma de atuação será medido pelo seu estilo psicológico, nível de competência e maturidade.

O entendimento do estilo psicológico de um líder é fundamental para entender seu funcionamento em termos de atuação para que se busque o melhor alinhamento do profissional com o desafio ou tarefa, a natureza da área e do grupo ou organização. As empresas têm cometido muitos equívocos em relação a esse fator, tanto pelo não entendimento da natureza da posição que querem preencher, quanto pela insuficiência e incapacidade de diagnosticar o estilo do líder mais adequado para aquele papel e desafio. As ferramentas disponíveis no mercado para diagnosticar perfis são limitadas e podem induzir a erros nos processos de seleção de um candidato. No meu livro elaboro uma revisão destas ferramentas e indico suas limitações. Se a área ou setor requerem um trabalho sob pressão, isto deveria ser levado em consideração na hora de realizar a seleção dos profissionais. Se a necessidade é reestruturar, montar novas estratégias ou fortalecer o grupo e resgatar o clima e o engajamento, todas estas condições requerem  um perfil psicológico específico.

Liderança não está relacionada diretamente a um estilo. Certa vez estava facilitando um processo de desenvolvimento em uma e equipe e chamou-me a atenção o respeito e a validação que o gestor da área recebia do grupo apesar do seu comportamento demonstrar alta introversão. Não foi difícil perceber o quanto o grupo confiava na sua condução.  Era uma área técnica com muitos controles e acompanhamentos e por essa razão tinha uma natureza mais introvertida. Desta forma havia um alinhamento entre o perfil do líder, a área em que ele atuava e certamente o perfil do grupo.

Elton Oliveira é autor do livro ESTILOS PSICOLÓGICOS, coach e professor em MBAs e especialista em gestão da carreira.

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