As deficiências dos testes de perfil M.B.T.I., D.I.S.C. e outros

Elton Oliveira

A maioria dos testes disponíveis no mercado tem duas origens: Carl Jung (Tipos psicológicos) e Willian Marston (As emoções das pessoas normais). Os dois livros foram escritos na década de 20 do século passado e adaptados como inventários a partir da segunda guerra por várias pessoas.

Desta forma surgiram o M.B.T.I, Insigths, Discovery Insights, etc. (Jung), todos os modelos D.I.S.C., P.I., Thomas e Profiler (Marston). A aplicação destes inventários tem o mesmo objetivo de identificar características psicológicas marcantes e duráveis em uma personalidade. Apesar de possuírem o mesmo objetivo eles apresentam diferenças importantes na sua estrutura e funcionamento o que nos deveria provocar uma reflexão sobre a origem destas diferenças e também da sua fundamentação. Precisamos considerar também que muitas abordagens novas no campo da psicologia e das ciências cognitivas surgiram após a década de 20.

Com a utilização contínua destes inventários fui percebendo não só divergências entre eles, mas também  a possibilidade de muitos perfis não serem atendimentos na sua caracterização e desta forma receberem devolutivas que não representam seu funcionamento psíquico.  Além de um “retrato” equivocado do perfil muitas vezes estas devolutivas causam angustia e apreensão ao invés de clareza, compreensão e auto aceitação que uma boa aplicação deveria gerar.

Um dos objetivos ao escrever o livro ESTILOS PSICOLÓGICOS foi de realizar uma análise destes dois modelos teóricos fundamentado em autores contemporâneos e em diversos estudos de caso que são apresentados no livro.

O livro de Marston, publicado em 1928, teve sua primeira adaptação como um inventário de perfil na década de 50. O objetivo da sua pesquisa foi apresentar o funcionamento “normal” do ego em relação aos estímulos recebidos. A sigla D.I.S.C. representa as quatro formas que o ego reage aos estímulos motores. Não há dúvida que Marston formulou uma teoria consistente acerca de um grupo de emoções e seu processo integrativo com o ego. Do ponto de vista da resposta do ego aos estímulos Marston aponta quatro reações emocionais que dão origem a sigla D.I.S.C.: a reação de dominar estes estímulos (D), a de influenciá-los (I), se submeter (S) de forma prazerosa ao estímulo e por final se conformar (C) ao estímulo imposto como um limite aos avanços do ego.A análise da teoria de Marston precisa ser feita sob o ponto de vista da sua adaptação como um modelo tipológico. Desta forma algumas questões precisam ser formuladas: A relação de abrangência do ego com a totalidade da psique não limitaria sua adaptação deixando fatores importantes de fora? O estudo apresentado em meu livro demonstra que a forma que foi adaptada a teoria DISC fez com que determinados perfis não fosse correspondido no seu pleno funcionamento.

Diferente do trabalho de Marston, a teoria de Jung foi elaborada como um modelo tipológico, desta forma sua adaptação como um inventário foi realizada atendendo a forma como Jung desenvolveu e apresentou em sua obra. Jung desenvolveu uma visão que uma personalidade é composta de duas atitudes (Introversão ou extroversão) e quatro funções psíquicas que também funcionam como oposição (sensação ou intuição e pensamento ou sentimento). Desta forma poderíamos compor em um perfil como extrovertido/sensação/sentimento. Pela oposição entre as funções, por exemplo, não seria possível um perfil extrovertido/sensação/intuição. Não há dúvida da importância do trabalho de Jung, sua descrição das características de cada atitude e função é de uma riqueza que justifica a relevância da sua obra. A questão que suscitou dúvidas ao longo do meu trabalho com o tema e se tornou pergunta de pesquisa no meu livro foi a oposição entre as duas atitudes e os dois pares de funções psíquicas. Para responder esta questão busquei na literatura e da mesma forma em estudos comparativos de diversos casos de atendimento em coaching. Estes estudos demonstraram que a oposição como Jung apresentou é um erro que limita sua teoria e exclui combinações plenamente existentes. Além de extrovertidos e introvertidos existe uma terceira categoria de ambivertidos que são aqueles que conseguem alternar entre extroversão e introversão. O mesmo acontece em relação às funções onde qualquer combinação pode ser encontrada.

Os inventários são muito difundidos através das empresas que vendem suas ferramentas, desta forma, cada uma delas apresenta sua metodologia como “correta e testada”. Mas como um profissional que trabalha com pessoas a responsabilidade é desenvolver uma visão critica mais aprofundada do tema para que possa ao utilizar estes inventários e superar estas deficiências nas devolutivas e aplicações dos mesmos, visto que são muito utilizados em processos de desenvolvimento, coaching, mapeamento de competências, avaliação de potencial ou em situação de questionamento de desempenho.

Elton Oliveira é autor do livro ESTILOS PSICOLÓGICOS, coach e professor em MBAs e especialista em gestão da carreira.

No livro ESTILOS PSICOLÓGICOS você encontrará uma analise detalhada destes testes e a apresentação de um modelo tipológico que supera as deficiências identificadas. Compre aqui o livro.

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